Características dos Anfíbios
Anfíbios, os vertebrados de vida dupla, ou seja, vivem parte na água e parte na terra, daí o nome Amphi = Duplo e Bio = Vida. Apesar dessa “vida dupla”, esses animais, são extremamente dependentes da água, principalmente para sua reprodução e nas primeiras fases de seu desenvolvimento.
Anfíbios são vertebrados do filo dos cordados. Possuem vértebras e em alguma das fases embrionários chegou a possuir notocorda.
Características gerais dos anfíbios
Os anfíbios constituem o primeiro grupo de vertebrados a viver fora da água. Apesar disso não são encontrados nos mares e nenhum outro local de água salgada. O crânio é articulado à coluna vertebral o que possibilita certa capacidade de movimentação da cabeça. Possuem ainda dois pares de patas que estão adaptadas à natação e no meio terrestre servem como locomoção por pulos. A exceção são os ápodes que não possuem membros como as patas, nem dianteiras nem traseiras.
Sua pele secreta um muco que mantém a pele lisa e pode ser venenosa para várias outras espécies. Algumas espécies possuem um veneno tão potente que são utilizados como substância para paralisar outros animais durante a caça.
A conquista do ambiente terrestre
Os anfíbios foram os primeiros vertebrados a colonizar o ambiente terrestre. Há várias evidências que apoiam a hipótese de que eles surgiram na Terra há cerca de 400 milhões de anos, a partir da evolução de algumas espécies de peixes ósseos. Esses peixes eram dotados de estruturas que permitiam respirar fora da água, além de apresentarem nadadeiras musculosas com as quais se arrastavam na lama.
As condições de vida terrestres são bem diferentes das de um ambiente aquático. No ambiente terrestre, há maior variação de luminosidade, de temperatura e de oferta de água. A conquista desse ambiente estabeleceu novas situações e a seleção natural de características possibilitou aos anfíbios serem bem-sucedidos nessas novas condições.
Uma das principais adaptações ao ambiente terrestre foi a presença de pulmões, estruturas capazes de realizar trocas gasosas com o ar atmosférico, possibilitando aos anfíbios respirar em terra firme. Outra adaptação que permitiu o sucesso dos primeiros anfíbios foi a capacidade de locomoção apoiada em estruturas ósseas originadas de nadadeiras.
A descoberta de um peixe fóssil, o Tiktaalik, no Canadá, cuja nadadeira apresenta estruturas ósseas, foi uma das evidências que levou os cientistas a sugerirem que os ancestrais dos anfíbios deram origem aos tetrápodes (do grego tetra = quatro; pódos= pés, patas), animais que conseguem caminhar sobre quatro patas.
Ao ocupar a terra, os anfíbios não dominaram completamente esse ambiente. A vida dos anfíbios (do grego amphi = duas; bios = vida) continuou ainda ligada ao ambiente aquático, razão da origem do nome da classe.
Os anfíbios têm a pele bastante sensível à perda de água, o que faz com que precisem viver sempre próximos de ambientes úmidos. Essa característica também se relaciona ao fato de apresentarem hábitos noturnos, saindo para se alimentará noite, quando a temperatura é mais baixa, reduzindo a perda de água. Além disso, os anfíbios dependem da água também para a reprodução e para a sobrevivência de seus filhotes (os girinos são aquáticos).
São também pecilotérmicos ou heterotérmicos. ou seja, a temperatura do corpo é variável conforme as oscilações térmicas do ambiente em que se encontram ou onde vivem.
Os anfíbios são carnívoros predadores que caçam desde insetos, minhocas e outros invertebrados até pequenos camundongos e filhotes de pássaros.
Classificação dos anfíbios
Os anfíbios são classificados em três grupos:
- anuros (do grego an= prefixo de negação; uros = cauda): anfíbio sem cauda, como sapos, rãs e pererecas.
- ápodes (do grego a= prefixo de negação; podós = perna ou pata): anfíbio sem pata, como as cobras-cegas e cecílias.
- urodelos (do grego uros =cauda; delos = visível): anfíbio com cauda na fase adulta, como as salamandras
Anuros
São os sapos, rãs e pererecas, também são conhecidos por batráquios (denominação antiga da ordem dos anuras). Seu corpo é dividido em cabeça tronco e membros. Não possuem caudas na fase adulta, somente na fase larval.
Os sapos apresentam pele com aspecto rugoso e passam grande parte do tempo no ambiente terrestre. São os únicos que apresentam uma glândula de veneno localizada no pescoço. No entanto, seu conteúdo só pode ser expelido se a glândula for comprimida.
A palavra perereca é originária da língua tupi e significa “andar aos saltos”. Os índios tupis usavam a palavra perereca para indicar qualquer tipo de anfíbio. Atualmente, o termo perereca é usado para indicar somente anfíbios anuros dotados de discos adesivos (aderentes), as ventosas, nas pontas dos dedos.
Urodelos (ou caudata)
Os urodelos mais conhecidos são as salamandras, tritões e axolote.. Apresentam corpo alongado, com quatro patas, cauda longa e pele lisa. A maioria dos representantes desse grupo é totalmente aquática e alguns produzem substâncias tóxicas.
No Brasil, existe uma única espécie de salamandra, que habita a região da Floresta Amazônia.
Ápodes (gimnophiona)
São as cobras-cegas, que também são conhecidas como cecílias ou boiacicas. O formato do corpo é semelhante ao das serpentes e daí vem o nome popular. Existem cobras-cegas aquáticas e terrestres, mas todas vivem em solo úmido ou no lodo de lagos e respiram por pulmões.
As cobras-cegas alimentam-se principalmente de minhocas e insetos. Possuem olhos atrofiados, algumas espécies não têm olhos, ou eles são muito pequenos. Vivem em túneis que escavam na terra.
A fecundação nesses animais é interna.
Respiração
As trocas gasosas dependem do ambiente e podem ocorre por meio dos pulmões na fase adulta e brânquias durante a fase aquática, na fase de girino.
A respiração desses animais é feita pelos pulmões e também pela pele (respiração cutânea), que é possível porque os anfíbios têm a pele constantemente úmida, o que permite que o gás oxigênio passe do ambiente para o corpo do animal e o gás carbônico faça o caminho inverso. A umidade na pele é garantida por glândulas especiais, espalhadas pela superfície do corpo, que produzem muco. Por esse motivo os anfíbios são extremamente dependentes de ambientes úmidos. Há uma estrutura chamada de bucofaringe, que também podem realizar trocas gasosas.
Sistema Cardiovascular
O coração dos anfíbios tem formato de cone e é relativamente grande em relação ao tamanho do corpo. Esse coração possui dois átrios e um ventrículo, sendo que o sangue entra pelo átrio direito e passa para o ventrículo para depois ser enviado para o pulmão, onde o sangue é oxigenado e enviado de volta para o coração através do átrio esquerdo, passa novamente pelo ventrículo de onde é impulsionado para todo o corpo por meio da artéria aorta. No ventrículo do coração dos anfíbios, o sangue venoso e arterial se mistura.
Ilustração do sistema cardiovascular dos anfíbios.
A circulação dos anfíbios é considerada dupla porque percorre dois circuitos: um circuito menor que é o pulmonar, e um maior que é o corporal.
Alimentação
Os anfíbios são carnívoros e se alimentam geralmente de insetos. Possuem uma grande língua pegajosa que lançam para fora da boca para capturarem suas presas.
Reprodução
Os anfíbios são animais dioicos, ou seja, cada indivíduo possui um sexo, ou masculino, ou feminino. Apresenta também fecundação externa, que ocorre na água ou muito próximo da água.
Dos ovos fecundados saem embriões que logo depois se tornaram girinos, que possuem uma grande cauda e se assemelham a peixes. Nessa fase os girinos respiram através de brânquias.
Venenoso sim, mas não peçonhento
” Menino, não mexa em sapo que nasce verruga na mão’’; ‘’Cuidado, sapos têm veneno, podem jogá-lo em seu olho e deixá-lo cego”; “O sapo coloca o veneno em você e pode te matar”. Muitas vezes, os adultos dizem frases como estas às crianças para evitar que elas mexam em animais que não conhecem. Embora a intenção seja boa, as afirmações não são verdadeiras.
Entre os anfíbios, o sapo-cururu é a espécie mais comum no Brasil. Os sapos-cururus machos (7,5 cm-12,5 cm de comp.) têm coloração que vai do amarelo-pardo ao esverdeado e são menores que as fêmeas (15 cm-25 cm é rugosa e de comp.), que são marrons. Apesar do que se diz, o animal não pode lançar apresenta duas glândulas de veneno,o veneno presente em suas glândulas. Na realidade, ele é expelido por poros atrás dos olhos quando elas são comprimidas, como em uma mordida, por exemplo. Um predador que abocanhe o sapo e aperte essas glândulas receberá o veneno, que o fará soltar a presa.
Um animal que tem veneno é considerado venenoso. Um animal peçonhento deve ser capaz de injetar seu veneno em outro animal, como é o caso de diversas serpentes.
Se você não costuma morder ou apertar sapos, não corre riscos só de observar esses inofensivos animais com atenção. Os sapos também não transmitem doenças às pessoas, mas isso não quer dizer que é aconselhável manuseá-los, pois podem ocorrer acidentes.
Quanto a nascer verrugas na mão ou dar azar, isso não passa de superstição.
Os anfíbios e o meio ambiente
Como já foi dito, os anfíbios são muito dependentes de ambientes úmidos. Sua pele lisa bastante sensível a qualquer mudança no meio ambiente.
Esses animais são importantes no equilíbrio como um todo dos ecossistemas em que vivem, pois controlam a população de insetos, aracnídeos e artrópodes em geral e também servem de alimentos para várias outras espécies. Os anfíbios servem como indicadores de saúde de um determinado ecossistema, pois sua presença ou ausência, ou até mesmo uma variação em sua população, pode indicar algum desequilíbrio.
Na agricultura agro ecológica, em que não é utilizado veneno nas plantas, os anfíbios podem ser importantes na manutenção e conservação de práticas agrícolas saudáveis e livres de agrotóxicos. É uma área que tem muito para crescer ainda, e falar a verdade, tomara que cresça.
Importância ecológica e econômica dos anfíbios
Os anfíbios são animais de extrema importância para o equilíbrio da natureza. Agindo como predadores, eles controlam a população de insetos e de outros animais invertebrados. Indiretamente, acabam por ajudar no controle de doenças transmitidas por picadas de insetos, como a dengue, a febre amarela e a malária. Eles também são importantes para o controle da quantidade de pragas que atacam as plantações, como os gafanhotos e as moscas-das-frutas.
Sua importância econômica pode ser percebida, por exemplo, quando esses animais são exterminados e a população de insetos aumenta descontroladamente, já que são eliminados seus predadores naturais. O aumento no numero de insetos pode trazer prejuízos para a agricultura e também pode aumentar a frequência de doenças transmitidas por eles.
Outro ponto de interesse econômico é a ranicultura. Em algumas regiões do país são criadas rãs. da espécie rã-touro, para abate. A rã-touro é uma espécie introduzida no Brasil. A presença dessa espécie em ambientes naturais causa grande impacto em espécies nativas como outras rãs, pererecas e filhotes de peixes, que têm suas populações reduzidas.
A poluição ambiental é um fator que tem contribuído seriamente para a diminuição do número de indivíduos das populações de anfíbios, principalmente a poluição da água, pois a pele desses vertebrados é bastante permeável a poluentes. Recentemente, os anfíbios têm sido considerados indicadores biológicos (bioindicadores) importantes, pois são sensíveis a impactos ambientais. Sabe-se que o aquecimento global, por exemplo, está relacionado com a diminuição da população de anfíbios em diversos locais.
OS TETRÁPODES
Entre os tetrápodes temos, além dos anfíbios, os répteis, as aves e os mamíferos. A capacidade de se locomover sobre quatro patas permitiu que os ancestrais de todos os tetrápodes caminhassem em terra firme na busca de alimento.
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